O Ibovespa fechou em alta de 1,34% nesta quarta-feira, aos 47.763 pontos, no dia em que o ex-presidente Lula foi confirmado como ministro da Casa Civil pelo Palácio do Planalto; Ibovespa também se animou com a possibilidade de Henrique Meirelles assumir o Banco Central e ainda com a decisão do Fomc (Federal Open Market Committee) de manter os juros inalterados; ações da Petrobras se destacaram, com alta de 9%; já o dólar comercial fechou em queda de 0,64% a R$ 3,7367 na compra e a R$ 3,7391 na venda

Por Paula Arend Laier em 16/3/2016

SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou com o seu principal índice em alta nesta quarta-feira, após sessão volátil, marcada novamente por noticiário político intenso e com aPetrobras respondendo pela principal contribuição positiva.

O pregão paulista firmou-se no azul na parte da tarde, ajudado pela decisão do Federal Reserve de manter a taxa de juros, enquanto indicou apenas duas altas de juros neste ano ao invés das quatro previstas anteriormente.

O Ibovespa subiu 1,34 por cento, a 47.763 pontos. Na mínima, o índice de referência do mercado acionário local caiu 1,29 por cento. Na máxima, subiu 1,44 por cento.

O volume financeiro do pregão somou 8,27 bilhões de reais.

O destaque no noticiário local foi o anúncio de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumirá a chefia da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff, confirmando especulações da véspera, que haviam pressionado a bolsa.

De acordo com profissionais da área de renda variável, a notícia não traz alento às perspectivas econômicas, mas havia sido antecipada em grande parte na véspera, o que atenuou o efeito nesta sessão, quando a bolsa paulista ainda encontrou suporte no Fed e nos preços de commodities.

"Aparentemente já estava no preço. Mesmo antes da decisão do Fed o índice não estava desabando", afirmou um operador.

DESTAQUES

- PETROBRAS fechou com as ações preferenciais em alta de 9,38 por cento, após acumular queda de 18,3 por cento nas duas sessões anteriores. Os papéis seguem sensíveis ao cenário político, mas encontraram na alta dos preços do petróleo no exterior suporte para a recuperação.

- BANCO DO BRASIL, que também vem oscilando ao sabor do noticiário de Brasília e teve uma sessão volátil, encerrou em alta de 3,37 por cento, após recuar mais de 20 por cento na véspera. No setor, ITAÚ UNIBANCO e BRADESCO caíram 2,96 e 2,22 por cento, respectivamente. O Credit Suisse reiterou recomendação "underperform" para os papéis dos três bancos.

- VALE fechou com as ações preferenciais de classe A com ganho de 8,88 por cento, favorecidas pela alta dos preços do minério de ferro na China. Papéis de siderúrgicas também tiveram uma sessão de fortes ganhos, com USIMINAS avançando 10,9 por cento, na melhor performance do Ibovespa, seguida por CSN, com alta de 10,54 por cento.

- ECORODOVIAS terminou com elevação de 5,42 por cento, com balanço do quarto trimestre da empresa de concessões de infraestrutura no radar. Em nota a clientes, a equipe da corretora Brasil Plural destacou positivamente os esforços para a redução de custos pela companhia, mas disse que o tráfego de veículos decepcionou.

- JBS fechou em alta de 4,62 por cento, antes da divulgação do balanço do quarto trimestre previsto para depois do fechamento do mercado.

Dólar cai e volta abaixo de R$ 3,75

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda e abaixo de 3,75 reais nesta quarta-feira após o Federal Reserve, banco central norte-americano, projetar menos altas de juros, o que favoreceria mercados emergentes que oferecem rendimentos elevados.

A notícia veio em um dia marcado por forte volatilidade, após o anúncio de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumirá a Casa Civil e diante de notícias de que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, pode deixar o cargo. Pela manhã, o dólar chegou a subir mais de 2 por cento.

O dólar recuou 0,64 por cento, a 3,7391 reais na venda, após atingir 3,8542 reais na máxima. A moeda norte-americana acumulou alta de 4,79 por cento só nas duas sessões anteriores, sendo que havia despencado 10,30 por cento neste mês até o fim da semana passada.

"Hoje o que não faltou foi notícia", resumiu o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

O Fed passou a ver duas altas de juros de 0,25 ponto percentual neste ano, contra quatro nas previsões divulgadas em dezembro. Além disso, reduziu suas projeções para as taxas apropriadas ao fim deste ano e dos próximos.

Os juros futuros nos EUA passaram a mostrar chances menores de aumentos de juros nos próximos meses, com probabilidade de 46 por cento de elevação em junho e 74 por cento em dezembro, contra 50 e 82 por cento, respectivamente.

Ao demorar a elevar os juros, o Fed não aumenta a atratividade de ativos financeiros norte-americanos e evita saída de dólares de outros mercados tidos como menos seguros, como o Brasil.

SALTO

As notícias tiraram ainda mais força da alta do dólar frente ao real na primeira metade da sessão, quando a moeda norte-americana reagiu a temores de mudanças fortes na política econômica com a chegada de Lula à Esplanada dos Ministérios.

"Isso (mudança na política econômica) é muito ruim para o Brasil. Seria uma volta à nova matriz econômica", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.

Essas expectativas ganharam força nas últimas sessões conforme cresceram as especulações de que Lula iria assumir uma pasta, algo que investidores também acreditam que diminuiria as chances do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O Palácio do Planalto já confirmou que Lula será ministro da Casa Civil no lugar de Jacques Wagner. O dólar acelerou a alta com a confirmação e atingiu as máximas do dia, para em seguida perder fôlego com realização de lucros.

A apreensão nesta sessão também veio com a notícia de que Tombini pode deixar a presidência do BC. Segundo disse uma fonte à Reuters, isso aconteceria se o governo fizer forte mudança na política econômica, como está sendo sinalizado com a chegada Lula.

Questionada sobre o tema, Dilma afirmou que Tombini e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, estão "mais dentro do que nunca" no governo.

Mais cedo, o jornal Valor Econômico publicou em seu site que Tombini estaria dando sinais de que pedirá para deixar o cargo.

Com isso, discutia-se nas mesas de operação quem poderia substituir Tombini e o nome do ex-presidente do BC Henrique Meirelles, que o mercado vê como alguém mais ortodoxo, voltou a ser bastante comentado.

"O mercado está muito volátil e guiado pelo noticiário. Não descartamos mudanças súbitas de direção (do câmbio) no caso de novos acontecimentos --algo que não é difícil de encontrar no Brasil hoje em dia", escreveram estrategistas do banco BNP Paribas em nota a clientes.

Nesta manhã, o BC realizou mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em abril com venda integral dos 9,6 mil contratos. Até o momento, o BC já rolou 5,535 bilhões de dólares, ou cerca de 55 por cento do lote total para abril, que equivale a 10,092 bilhões de dólares.

(Edição de Camila Moreira e Patrícia Duarte via 247)

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