El País divulgou nesta terça-feira (10) a lista com todos os grandes consumidores de água beneficiados por tarifas reduzidas no estado de São Paulo.

Entre os 524 nomes figuram a Igreja Universal do Reino de Deus, a Globo, algumas escolas particulares e dezenas de prédios comerciais de escritórios.
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Os registros revelam a lógica comercial pela qual a Sabesp vem distribuindo seus recursos hídricos desde sua abertura de capital: quanto mais água gasta um cliente, menos ele paga por metro cúbico. 
 Recordista de gastos hídricos com consumo de 60 milhões de litros por ano, a indústria de celulosa Viscofan paga apenas R$ 3,41 por metro cúbico utilizado - já o Sebrae, ao consumir apenas 1% dessa quantidade, precisa pagar R$ 10,96 pelo mesmo metro cúbico.

“Quem acaba pagando por essa crise é o pequeno consumidor, que não pode se aproveitar desse sistema e precisa pagar pelo consumo excedente. Enquanto isso, os grandes consumidores, que são também culpados por essa crise, continuam sendo favorecidos”, denunciou o secretario adjunto de Defesa ao Meio Ambiente e Saneamento da CTB, Claudemir Santana.

Para reforçar seu argumento, ele cita as palavras do presidente do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), Rene Vicente: "Como pode uma empresa cujo objetivo principal é vender um produto - a água - educar os consumidores para economizar? É uma contradição! Esse governo sabe dos problemas crônicos enfrentados pela Sabesp e precisa parar com as políticas de incentivo ao consumo”.

O vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana, trabalhou durante décadas neste setor e disse que a contradição evidenciada pela lista é alvo de críticas antigas: “Eu já havia alertado em 2003 que a venda das ações da Sabesp criaria um conflito entre os interesses dos acionistas e os do governo, porque nem todos iriam querer a mesma coisa. 
Sabe-se que a região metropolitana sofre há décadas de um déficit hídrico, e isso implica uma necessidade redobrada de planejamento. Precisamos aumentar a reservação e o combate às perdas, com certeza, mas é preciso avançar no reuso de água não-potável para diversas atividades econômicas”. 
Para ele, o desconto tarifário no uso da água vai contra as campanhas de uso consciente do recurso. “Essa crise só se deu por conta de uma política de distanciamento dos interesses públicos”, observou. Por Renato Bazan - Portal CTB
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