Por Bolchê

Hoje eu disse a uma amiga que no PT não há santo, mas que esses tucanos são verdadeiros demônios tentando fazer do Brasil, de novo, o inferno dos famintos, dos sedentos, dos sem luz, sem teto, sem emprego, sem salário, sem esperança, sem escola, sem liberdade, etc etc.

Mas, depois, pensei sobre o assunto e me toquei de que, pra falar mal dessa quadrilha que rouba o país desde a invasão, não tenho que, necessariamente, falar mal dos governos do PT que estão no poder há pouco mais de uma década e encontrou um país assolado por todas as formas de mazelas imagináveis, ou estarei fazendo a vontade da mídia porca e desinformativa.

Mas existe a crítica construtiva e necessária no sentido de corrigir erros e reparar eventuais injustiças.
Evidentemente que os governos do PT também cometeram e cometem falhas e somos críticos quando isso acontece. Mas é injusto fazer qualquer forma de comparação com governos passados.

Um exemplo recente do poder de crítica da militância e dos movimentos sociais, mas também de seus quadros mais coerentes e comprometidos com os setores mais populares, foi a queda do ministro da fazenda Joaquim Levy, que vinha fazendo o chamado ajuste fiscal nos moldes mais neoliberais possíveis, distanciando-se do programa de governo apresentado a todo povo brasileiro durante a campanha eleitoral de 2014 e, dessa forma, penalizando o trabalhador que já pagou por longos anos essa conta, e isso é inconcebível. 

O PT precisa resgatar seu projeto inicial de governo que o colocou no poder, reaproximar-se dos movimentos sociais, apoiar incondicionalmente a classe trabalhadora e os setores produtivos desse país. Ou seja, temos plena consciência de que o governo e o partido precisam, com urgência, passar por reformulações programáticas e estruturais. 

Mas temos plena consciência também de que os governos do PT, que não são formados por santos - estes só existem na bancada evangélica e nas fileiras demotucanas - fizeram muito para melhorar a vida do povo e tirar o país das crises de toda ordem, que nada tinham a ver com o contexto global, mas eram consequência da ingerência interna, da incompetência, da falta de vontade política, da corrupção que não era investigada, enfim, crises que já duravam séculos.

Então, me lembrei de que os governos anteriores fizeram muito também, eles condenaram gerações inteiras à miséria absoluta, ao esquecimento, a doenças hoje erradicadas, à fome de comida, de decência, de dignidade, de liberdade, à morte, enfim; gerações que vieram e se foram vivendo todo tipo de privação de seus direitos mais básicos.

Os governos anteriores, com raríssimas exceções, fizeram muito enquanto estiveram no comando do país, fizeram muito MAL ao nosso crescimento e à nossa projeção como uma das nações mais desenvolvidas e promissoras do mundo em quase todos os aspectos se levarmos em conta todas as potencialidades e riquezas desse imenso Brasil e de seu povo.

Os governos anteriores impediram que o Brasil se tornasse, ainda em meados do século passado, uma potência econômica, uma potência em infraestrutura, uma potência educacional, em saúde pública, em ciência e tecnologia, uma potência e referência em ética, direitos humanos e justiça social e, por que não dizer, uma potência bélica.

Não fosse a corrupção legal e institucionalizada e a ausência total do espírito nacionalista e de comprometimento com os anseios do povo dos governos anteriores, o Brasil seria, hoje, um país com um dos melhores IDH do mundo, sem que tivesse havido a "necessidade" de subjugar, colonizar e esmagar povos e nações.

O Brasil seria, verdadeiramente, o celeiro do mundo contemporâneo, mas, a realidade é que não foi capaz de alimentar nem mesmo seus próprios filhos por séculos. Portanto, a segregação, o ódio de classes, o racismo, o fascismo, a hipocrisia e desigualdade social, a intolerância, a corrupção, a violência - em todos os seus aspectos - não são legados do PT, nem mazelas que seus governos inventaram ou agravaram.

Foram trazidas pela corte, pela igreja, pelos mercadores, pelos bandeirantes e alimentadas, perpetuadas, de bom grado, pela estrutura social que se formou a partir daí, constituída da nobreza, clero, de senhores de escravos, de terras, grandes comerciantes, coronéis e oligarquias locais por todo esse Brasil. Não custa estudar, pelo menos, a História de seu país. Isso poderá livrar muitos de se exporem tanto ao ridículo ao dar opiniões sobre o cenário sócioeconômico e político atual, suas causas e possíveis desdobramentos.

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