por Marlon Sérgio

Vejo um grande grupo de pessoas que não precisam de favores do estado, são totalmente independentes, bem-sucedidos, alguns até ricos, são artistas, profissionais liberais, intelectuais, empresários, enfim, uma gama de gente bem informada, consciente, todos se mobilizando contra as tentativas golpistas da direita que, com roupagens e modus operandi diferentes, estagnaram e assaltaram o Brasil durante séculos e ameaçam voltar.

Mas eles - os anti-golpe - não estão sozinhos, tem o apoio imprescindível de uma boa parcela da população, também consciente, que repudia visceralmente a ruptura democrática e o inevitável retrocesso que isso traria para o país e para a vida de todos nós. Mas algo tem me indignado, me inquietado mais do que qualquer outra coisa, é o apoio que tais correntes e grupos reacionários tem recebido de algumas camadas populares e de setores onde a classe trabalhadora perfaz-se a grande maioria.

Quem vai trazer essa gente à luz da verdade do que acontece hoje em nosso país? Estarão eles com saudades das enormes filas de desempregados? Da inflação que carcomia os salários sem aumentos reais? Da mortalidade infantil que envergonhava a todos nós? Da indústria da seca no NE que enriqueceu gerações de políticos - muitos destes ainda estão por aqui e apoiam o golpe - e matou milhões de inanição, doenças e desesperança? 

Podem, quem sabe, estar sentindo saudade dos aluguéis que devoravam metade do orçamento familiar. Ou estarão sentindo falta dos altos juros e do FMI? Quem sabe, estarão eles se sentindo incomodados com as universidades e escolas públicas gratuitas e com as particulares onde, hoje, tem acesso também? Bem, pode ser, ainda, que tenham até conseguido fazer algumas economias e estejam prontos para pagar mensalidades depois de privatizado o ensino que hoje é oferecido pelo estado. Não sei.

Enquanto alguns manipulados, que ontem foram as maiores vítimas dos governos canalhas da direita fascista, continuam a servir de massa de manobra para que esses neoliberais entreguistas e corruptos voltem ao poder central, nós, em todos os cantos, continuamos prontos para defender todas as nossas conquistas dos últimos 13 anos, toda a dignidade resgatada, a democracia e a perspectiva de dias melhores, sem dar, sequer, um passo atrás. Estamos, portanto, preparados para defender até mesmo aqueles que sentem saudade de tanta coisa ruim.

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