Via Blog da Cidadania

Até os animais conhecem a gratidão. Cuide de um cãozinho ferido e ele o seguirá aonde quer que vá, e será fiel a você enquanto viver. A ingratidão, pois, é uma característica humana, assim como tantas outras deficiências morais da nossa espécie, ainda que, paradoxalmente, seja uma espécie capaz de produzir portentos de grandeza moral e intelectual.

Todos conhecem a premissa popular sobre a evasão dos “amigos” quando você está “por baixo” e o assédio de velhos e novos “amigos” quando você está “por cima”. Tratemos dela, pois.

Não sei se essa premissa sobre a falsidade humana se aplica a Lula, pois ainda é um dos políticos mais respeitados e populares do Brasil e do mundo, em que pese a campanha de aniquilação que vem sofrendo. Mas não se pode desconsiderar o fato de que vem sendo alvo de muita ingratidão.

E colocar ingratidão e Lula na mesma frase é revoltante porque esse homem devotou a vida a melhorar a situação dos brasileiros mais humildes. Para tanto, resistiu a ceder aos que o acolheriam de braços abertos se voltasse as costas ao povo e caísse nos braços da elite que o detesta de uma forma quase religiosa.

Não se espera que os ricos – que nada perderam sob a era Lula – reconheçam que ele, ao governar, melhorou a vida dos oprimidos sem tirar nada dos opressores – o que, talvez, tenha sido um erro. Mas não se pode aceitar que aqueles que tanto se beneficiaram da revolução social promovida pelo ex-presidente agora finjam que não é com eles.

Nesse aspecto, a guerra de aniquilação que a direita move contra Lula, na verdade é uma guerra contra todos os brasileiros que não estão incluídos na minúscula elite étnico-regional-financeira que, ao longo de 500 anos, manteve a grande maioria deste povo pobre ou remediado, ainda que alguns desses remediados acreditem que fazem parte da minoria abastada.

Acusar Lula de compactuar com malversação de dinheiro público é uma ignomínia porque foi justamente ele quem dotou o país de instrumentos para combater a corrupção de Estado. Foi justamente ele quem deu instrumentos à Procuradoria-Geral da República para incomodá-lo e à sua sucessora, quando todos os seus antecessores emascularam aquela instituição o quanto puderam.

A liberdade e os recursos que Lula deu à Polícia Federal lhe permitiram deixar de ser uma força cosmética para se tornar protagonista de enormes e caríssimas operações que chegaram próximas ao presidente e ao seu partido porque jamais a corporação foi tolhida, tendo recebido liberdade para investigar e até prender quem quer que fosse.

Ora, um presidente que quer instaurar um grandioso esquema de corrupção não iria, jamais, fazer o que fez Lula pelo fortalecimento dos órgãos de controle; antes, faria o que fizeram Fernando Henrique Cardoso, Sarney, Collor, os generais-presidentes e todos os governantes do Brasil que os antecederam. Ou seja: manietar esses órgãos.

Chegou, portanto, o momento de este país pagar sua dívida para com um homem que tanto melhorou a vida de todos – inclusive daqueles que o atacam. Chegou o momento de os setores pensantes da sociedade entenderem que não querem destruir o homem-Lula, mas o símbolo-Lula.

A pretensa destruição de Lula busca intimidar qualquer um que decida contrariar uma elite que só se manterá elite com a permanência da pobreza, da miséria e da ignorância. A pretensa destruição de Lula é um aviso: não governem para o povo ou serão destruídos.

Se Lula for derrotado – e “derrotado” quer dizer, no limite, preso e desmoralizado -, o pouco de idealismo que resta neste país será varrido. Os jovens, sobretudo, intuirão que não vale a pena confrontar sistema. Aliás, esse é um fenômeno que vem se ampliando entre a juventude, menos com aquele pequeno contingente de jovens pobres e engajados que luta contra o gigante capitalista.

Chegou, portanto, o momento de dar um basta a essa pasmaceira diante da tentativa de aniquilar o grande símbolo da esquerda no Brasil e e um dos maiores do mundo. Defender Lula não é uma ação política, é uma ação civilizatória. A partir daqui, então, este Blog exorta todos os brasileiros conscientes a não compactuarem com essa infâmia.

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