Por Redação, com agências internacionais – de Caracas e São Paulo

A chegada da ultradireita à maioria parlamentar, na Venezuela, tem elevado os tons dos discursos, tanto por parte do governo quanto dos militares à tentativa de golpe em marcha — a exemplo do Brasil — com base no Poder Legislativo. Com apoio declarado de Washington, os deputados conservadores falam em retirar do poder o presidente Nicolás Maduro, que tem ainda mais quatro anos de mandato garantidos, constitucionalmente. Maduro enfrenta os oposicionistas com uma resposta ainda mais dura, no campo econômico, com o apoio das Forças Armadas.

As Forças Armadas da Venezuela apoiam o governo revolucionário de Nicolás Maduro
As   Forças Armadas da Venezuela apoiam o governo revolucionário de Nicolás Maduro




Nesta sexta-feira, o ambiente político no país vizinho tornou-se ainda mais tóxico diante das declarações do deputado Henry Ramos Allup (Partido Ação Democrática – PAD, de extrema direita), equivalente venezuelano ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que denigrem a memória dos generais Simon Bolívar e Hugo Chávez. Em nota, as Forças Armadas da Venezuela saíram em defesa dos líderes históricos. A nota tem a linguagem e o tom que são próprios do apaixonado debate político-ideológico na Venezuela, com chavistas e oposição (da moderada à fascista) duelando em elevados decibéis.

O texto, duríssimo na mensagem, é escrito por um ator cujo poder está gravado na Constituição Bolivariana e nas Leis do país. O poder da República Bolivariana, é bom lembrar, é sustentado pela “coalizão cívico-militar” bolivariana.

A oposição recém empossada para dirigir a Assembléia Nacional da Venezuela pretende converter o Parlamento no contra-poder à Revolução Bolivariana; na própria contra-revolução. Nos primeiros gestos, agride os valores, símbolos e imagens que, goste-se ou não, estão escritos na Constituição promulgada em 1999.

Aparentemente, por essa razão os militares venezuelanos se manifestaram com indisfarçável gravidade. O texto pode ser tomado como o prelúdio de escaramuças no país vizinho. Melhor seria a oposição exercer sua legitimidade na plenitude, porém no marco da mais absoluta constitucionalidade e legalidade.

Do contrário, a temperatura política e a possibilidade, cada vez maior, de um conflito social poderão aumentar, assumindo padrões preocupantes. No curso da história, quando o embate evolui para a violência, o impasse pode desembocar em situações de guerra civil.

Leia, adiante, a nota do comando militar:

Comunicado da Força Armada Nacional Bolivariana em desagravo ao ultraje da memória do libertador Simón Bolivar, à memória do comandante supremo Hugo Chávez, ao presidente constitucional da República como personificação do Estado e Comandante da Força Armada Nacional Bolivariana e à honra militar

A Força Armada Nacional Bolivariana, em inquebrantável unidade, e consciente do momento histórico que vive nosso país, expressa a todo o povo venezuelano sua profunda indignação pela forma desrespeitosa, carregada de desprezo e soberba, onde se ordenou a retirada das imagens de nosso libertador Simón Bolivar, do comandante supremo da revolução bolivariana Hugo Chávez e do cidadão Nicolás Maduro Moros, Presidente Constitucional da República Bolivariana da Venezuela, das instalações do Palácio Federal Legislativo, onde ocorreu a recém instalada Assembleia Nacional.

Simón Bolívar é o pai da pátria, homem de altíssima honra, um símbolo sagrado para todos nós e de especialíssimo valor para a América Latina. Sua gigantesca obra emancipatória deu a independência a cinco nações e permitiu a fundação de outra, epopéia heróica reconhecida no mundo inteiro que permanece incólume na consciência coletiva de todos os seres humanos amantes da liberdade, por tal razão, as representações materiais que dele foram feitas, de qualquer natureza e origem, serão sempre objeto de admiração e respeito de quem orgulhosamente somos herdeiros de suas glórias.

A nova imagem de seu rosto sendo usada oficialmente nas dependências públicas, é o produto de uma investigação científica com com participação de atores nacionais e internacionais, cujo objetivo não foi outro além de exaltar sua memória.

A história de Bolívar é a história da Venezuela, e a história da Venezuela é a história da América!

Nossa Carta Magna, que nasceu de um processo constituinte sem precedentes, invoca o exemplo histórico do libertador e por tal motivo, neste mesmo processo, a República adquiriu ser caráter bolivariano; continua sendo hoje a República Bolivariana da Venezuela, a transformação política, social e econômica que ocorre na Venezuela surge destas raízes, desta mesma doutrina instituída pelo próprio libertador; é indefectivelmente a Revolução Bolivariana.

Como consequência, os soldados e soldadas da Pátria estamos orgulhosos de ser, de sentirmo-nos e de nos chamarmos bolivarianos, e agora sermos a Força Armada Nacional Bolivariana.

De outro lado, o Comandante Supremo Hugo Rafael Chávez Frías é um filho desta nação, forjado no calor de nossas academias militares.

Em sua Carreira militar, desde onde, sempre embasado no ideário e ação de Bolívar, empreendeu a colossal transformação dos destinos do País, para resgatar um povo oprimido pela oligarquia que promovia o sistema de capitalista de exploração, para colocar sua visão de um mundo multipolar, da necessária integração latinoamericana, socialista, anti-imperialista e profundamente humanista, transcendeu nossas fronteiras para levar benefícios aos mais despossuídos e vulneráveis em distintas latitudes, colocando os pobres em um altar, suas conquistas do ponto de vista social são inumeráveis: milhões de compatriotas foram beneficiados, orientados sempre a garantir a maior soma de felicidade possível.

Tal como fez Bolívar, dedicou e ofereceu sua vida a serviço de sua nação, à sua defesa e desenvolvimento, despertando a consciência nacionalista de todos os venezuelanos e venezuelanas que habitam esta terra graciosa.

Da mesma maneira, o presidente constitucional da República Bolivariana da Venezuela, Comandante da Força Armada Nacional Bolivariana, Nicolás Maduro Moros é a máxima autoridade do Estado, eleito pelo voto popular, enfrentou complexos obstáculos, adversidades de todo tipo e seguindo os passos de Bolívar, hoje defende o interesse nacional, pelo qual reiteramos nossa absoluta lealdade e irrestrito apoio.

Agredir a memória eterna daqueles que já não estão mais fisicamente entre nós é um ato decadente e nojento que acaba com o princípio da honra militar, que se materializa diante da tomada de consciência no contexto de uma sociedade que se rege por princípios cidadãos. Ultrajaram a honra militar! Por tudo isso, a

Força Armada Nacional Bolivariana, cujos integrantes somos de irredutível vocação bolivariana e consequentemente chavista, rechaçamos categoricamente qualquer ato no qual se desrespeite e se manche a memória de homens tão destacados, defensores da justiça e da igualdade, pois ao fazê-lo se ofende também a dignidade e as mais puras tradições venezuelanas e de toda América. Exigimos que acabem imediatamente com atos desta natureza, que em nada contribuem com a harmonia, e entendimento e a paz entre nossos conterrâneos.

“Chávez vive, a Pátria segue”

“Independência e Pátria Socialista…”

“Viveremos e venceremos”

General Vladimir Padrino Lópes

Ministro do Poder Popular para a defesa e comandante estratégico operacional
Retórica agressiva

Diante dos fatos, em curso na Venezuela, o jornalista Gilberto Maringoni, um dos líderes do PSOL, no Brasil, posicionou-se nesta sexta-feira, em uma rede social. Segundo Maringoni, “é bastante preocupante a situação na Venezuela. O país sofre as consequências históricas da extrema dependência do petróleo, uma crise econômica aguda – cujas expressões maiores são o desregramento cambial e a inflação acima de 100% ao ano -, escassez de gêneros nos supermercados e um descontentamento popular que se expressou nas eleições legislativas de dezembro último. Para completar, o novo governo Argentino resolveu intensificar ações pelo isolamento do governo Nicolás Maduro”.

“Embora tenha formalmente aceitado o resultado das urnas, Maduro busca na Suprema Corte invalidar a eleição de três deputados , o que retirou a maioria qualificada de 112 deputados eleita pelos opositores. A resposta oposicionista é a pior possível. Henry Ramos Allup, novo presidente da Assembleia Nacional, toma posse com discurso agressivo, verberando que a principal meta de seus pares é cortar o mandato presidencial.

“Muito embora o referendo revogatório seja constitucional, a retórica agressiva não ajuda em nada a consolidar uma saída democrática para o enfrentamento.

A oposição repete um erro fatal, já cometido durante o golpe de 2002: retirou da galeria dos líderes nacionais, no Legislativo, os retratos de Simón Bolívar, Hugo Chávez e Nicolás Maduro.

“Há 14 anos, o gesto de deslocar a imagem do Libertador do saláo Ayacucho, onde Chávez recebia a imprensa e transmitia seu programa televisivo dominical no palácio de Miraflores, ajudou a impulsionar a rebelião popular contra o governo golpista. Agora, um novo ingrediente se junta a esse caldo de cultura. As forças armadas lançaram um comunicado duríssimo contra a oposição.

Em um de seus trechos é dito: “Agredir a memória eterna daqueles que já não estão mais fisicamente entre nós é um ato decadente e nojento que acaba com o princípio da honra militar, que se materializa diante da tomada de consciência no contexto de uma sociedade que se rege por princípios cidadãos. Ultrajaram a honra militar!

Por tudo isso, a Força Armada Nacional Bolivariana, cujos integrantes somos de irredutível vocação bolivariana e consequentemente chavista, rechaçamos categoricamente qualquer ato no qual se desrespeite e se manche a memória de homens tão destacados, defensores da justiça e da igualdade, pois ao fazê-lo se ofende também a dignidade e as mais puras tradições venezuelanas e de toda América”.

“O país aproxima-se perigosamente de um enfrentamento interno de consequências para lá de incertas”, afirmou Maringoni.
Inflação perigosa

Diante da crise institucional, provocada pela oposição, o presidente Maduro atacou o ponto principal das críticas de oposicionistas, na questão econômica, com a nomeação de um ministro alinhado com o governo. Ele escolheu como novo ministro de Economia um sociólogo da linha dura chavista, Luis Salas Rodríguez, que diz não acreditar que inflação exista “no mundo real”.

— Enfrentamos uma nova emergência econômica e nos próximos dias apresentarei um plano de resgate — disse o presidente ao anunciar o novo chefe da pasta.

Salas, de 39 anos, é professor de Economia Política na Universidad Bolivariana de Venezuela, fundada pelo ex-presidente Hugo Chávez, morto em 2013.

Venezuela enfrenta ultradireita golpista com apoio militar adicionado por CdB em janeiro 8, 2016

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  1. Que engraçados esses esquerdistas. Muito hipócritas e caras de pau. Maduro mata manifestantes, prende e condena sem provas, quer no tapetão cassar o mandato dos eleitos da oposição, fala em criar assembléia paralela, usa a polícia para não deixar os opositores tomarem posse, cria um decreto de última hora para tirar poderes dos opositores no Banco Central, e eles é que são golpistas?? Evidente que não. Golpe é uma ruptura democrática, uma tomada de poder à força. E não algo que está previsto, no caso, um referendo, ou seja, o povo será consultado. Talvez seja difícil para vocês entenderem isso, pois são daqueles que chamam o impeachment, também constitucional e democrático, de golpe...hahahahaha
    Leia a Constituição da Venezuela, Art, 72, onde se fala que todo cargo público por eleição é revogável após a metade do período para o qual a pessoa foi eleita. Leia aqui: http://www.resumosetrabalhos.com.br/constituicao-da-republica-bolivariana-de-venezuela.html

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    1. vc tem que nascer de novo Rogerio. Para de ler a VEja que vc melhora. Ou vc é inocente demais ou um tremendo de um otario direitista sem noção. CAra, a luta pelo poder vc mensura com qual padrão ? nao existe direitismo "honesto" ou que deseje a melhora do povo...em geral. qual porra é tu aproposta, a de u m alienado babaca que acredita que o PApai Noel Americano vai resolver teus problemas sociais ?

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    2. Essa direita como no Brasil se aproveita de crises que é própria do capitalismo para retirar direitos dos trabalhadores A crise e do capital e ela está no mundo todo.

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    3. Essa direita como no Brasil se aproveita de crises que é própria do capitalismo para retirar direitos dos trabalhadores A crise e do capital e ela está no mundo todo.

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  2. É isso aí, Rogério. Maduro usou de inúmeras artimanhas para tirar poder de representantes eleitos pelo povo, e agora está usando as Forças Armadas a seu favor. O bolivarianismo é tão bom, mas tão bom, que depois de anos no poder as coisas na Venezuela vão de mal a pior e o povo, em sua larga maioria, preferiu a oposição. Então, o presidente e sua Assembléia favorável resolveram nomear mais alguns juízes para que estes pudesse pressionar os parlamentares. eleitos pelo povo. Fez tudo de última hora. Bobagem. Golpe? Que golpe? Usar as Forças Armadas também não é golpe. Mas um oposição eleita e que usas as ferramentas constitucionais... isso sim é golpe. E quanto à Veja, me pergunto que argumentos usarão os esquerdas quando a Veja falir.

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