O Blog do Mário Magalhães resgatou uma reportagem publicada nos 50 anos do golpe militar com as 19 capas de jornais publicadas no princípio de abril de 1964, a grande maioria fazendo propaganda em favor da intervenção, contra o comunismo.
Farsa e tragédia: em 19 capas, como a imprensa disse sim ao golpe de 1964
Por Mário Magalhães em seu Blog
Depois de 50 anos do golpe de Estado, o blog compartilha uma coleção de 19 primeiras páginas de jornais e capas de revistas publicadas nas horas quentes do princípio de abril de 1964. Mais do que informação, constituíam propaganda, notadamente a favor da deposição do presidente constitucional João Goulart.
Até onde alcança o conhecimento do blogueiro, as imagens configuram a mais extensa amostra (ficarei feliz se não for) do comportamento do jornalismo brasileiro meio século atrás.
Trata-se de documento histórico, seja qual for a opinião sobre os acontecimentos.
Dos 19 periódicos aqui reunidos, oriundos de cinco Estados, 17 são jornais diários, alguns dos quais já não circulam, e dois são revistas hoje extintas.
Apenas três se pronunciaram em defesa da Constituição: Última Hora, A Noite eDiário Carioca. Nos idos de 1964, os dois últimos não tinham muitos leitores.
Os outros 16, em diferentes tons, desfraldaram a bandeira golpista.
As fontes da garimpagem foram: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional; Google News Newspaper Archive; sites e versões impressas de jornais; não menos importantes, blogs e sites, aos quais sou imensamente grato.
É muito provável que, quanto mais capas se somarem, maior seja a proporção das publicações que saudaram o movimento que pariu a ditadura de 21 anos.
Para não ser original e repetir uma expressão consagrada: em 1964, a imprensa disse sim ao golpe.
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Correio da Manhã (Rio), 1º de abril de 1964: “(?) Estados já em rebelião contra JG”. Editorial clama pela deposição de João Goulart: “Fora!”.
Diário Carioca, 1º de abril de 1964: “Guarnições do 1º Exército marcham para sufocar rebelião em Minas Gerais”. O jornal defendeu a Constituição.
Diário da Noite (São Paulo), 2 de abril de 1964: “Ranieri Mazzilli é o presidente”. O jornal dos Diários Associados trata a nova ordem como “legalidade”
Diário da Região (São José do Rio Preto, SP), 2 de abril de 1964: “Exército domina a situação e conclama o povo brasileiro a manter-se em calma”. Depois do golpe com armas, o apelo por calma.
Diário de Notícias (Rio), 2 de abril de 1964: “Marinha caça Goulart”. “Ibrahim Sued informa: É o fim do comunismo no Brasil.”
Diário de Pernambuco, 2 de abril de 1964: “Jango sai de Brasília rumo a Porto Alegre ou exterior: posse de Mazzilli”. Governador constitucional Miguel Arraes, vestido de branco no Fusca, é preso e cassado.
Diário de Piracicaba (SP), 2 de abril de 1964: “Cessadas as operações militares: A calma volta a reinar no país”. No dia seguinte: “Relação de deputados que poderão ser enquadrados: Comunistas ou ligações com o comunismo”.
Diário do Paraná, 2 de abril de 1964: “Auro Andrade anuncia posse de Mazzilli com situação normalizada”.No alto: “Povo festejou na Guanabara vitória das forças democráticas”.
Fatos & Fotos, abril de 1964 (data não identificada): “A grande rebelião”. Uma revista em júbilo.
Folha de S.Paulo, 2 de abril de 1964: “Congresso declara Presidência vaga: Mazzilli assume”. “Papel picado comemorou a ‘renúncia’ de João Goulart.
Jornal do Brasil (Rio), 1º de abril de 1964: “S. Paulo adere a Minas e anuncia marcha ao Rio contra Goulart”. “‘Gorilas’ [pró-Jango] invadem o JB.”
O Cruzeiro, 10 de abril de 1964: “Edição histórica da Revolução”. Revista celebra um herói da “revolução”, o governador de Minas, Magalhães Pinto, um dos artífices do golpe.
Dia, 3 de abril de 1964: “Fabulosa demonstração de repulsa ao comunismo”. Jango chegou ao Rio Grande do Sul no dia 2. De lá, iria para o Uruguai. O Dia: “Jango asilado no Paraguai!”.
O Estado de S.Paulo, 2 de abril de 1964: “Vitorioso o movimento democrático”. É a contracapa, porque a primeira página, era o padrão, só tinha notícias do exterior.
O Globo (Rio), 2 de abril de 1964: “Empossado Mazzilli na Presidência”. Título do editorial: “Ressurge a democracia!”
O Povo (Fortaleza), sem data: “2º e 4º Exércitos apoiam movimento mineiro”. Quartel-general do 4º Exército, no Recife, comandava a Força no Nordeste.
Tribuna do Paraná, 2 de abril de 1964: “Rebelião em Minas”. “General Mourão Filho abre a revolta: ‘Jango tem planos ditatoriais’.”
Gostaria de aproveitar a matéria e divulgar as novas formas de opressão que estão sendo postas em prática. Veja a experiência que venho passando, com uso de nanotecnologias invasivas, biotecnologia e outros artefatos bélicos.
ResponderExcluirhttps://memoriaefeminismo.wordpress.com/2015/11/25/meu-amigo-secreto-nao-tolera-o-protagonismo-das-mulheres-por-isso-tortura-e-mata/
A versão em PDF desse material, um pouco mais atualizada, está aqui:
https://drive.google.com/file/d/0B6rz9DjAhFG0RU5XMzR0VlpDdW8/view?usp=sharing
Sabemos bem que informação é poder. Por isso o Brasil tem e sempre teve essa mídia golpista.
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