Max Altman, via Opera Mundi em 14/12/2015

Foi publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) o Relatório do Desenvolvimento Humano (IDH) 2015, abarcando 188 países.

O Índice de Desenvolvimento Humano por país leva em conta três fatores:

a) nível educacional ligado a conhecimento;
b) expectativa de vida com saúde;
c) renda per capita associada a padrão de vida.

Selecionei 12 países da América Latina, todos os da América do Sul, um do Caribe e um da América do Norte. O relatório completo pode ser visto aqui.

A apresentação mostra a evolução em desenvolvimento humano dos mencionados países, listados em ordem alfabética, desde 1990. Convém ressaltar que o Pnud publicava relatórios de dez em dez anos e só a partir de 2010 passou a publicar relatórios anualmente. No final, faço alguns comentários pessoais, porém o leitor, examinando atentamente os dados, poderá chegar as suas próprias conclusões:



















Na década 2000-2010, Cuba foi o país que evoluiu mais celeremente, seguida nesta ordem por Venezuela, Chile, Brasil, Colômbia e Argentina. Cessado o “Período Especial” que se seguiu à queda da União Soviética e ao sistema socialista, com o qual a Ilha mantinha intercâmbio comercial intenso e favorecido, Cuba cresceu sustentadamente o que o fez galgar algumas posições. Ocorre que a partir de 2010 regrediu e marcou passo. Foi a percepção desta situação crítica que levou a liderança cubana dar os atuais passos em direção de reformas que saneiem sua economia a um tempo em que mantêm seu regime político.

Se for levada em conta a evolução desde que o Pnud começou a levantar dados em 1990 até este mais recente relatório de 2015, relativo a 2014, o país que mais evoluiu foi o Brasil, seguido de Chile, Argentina, Venezuela, Colômbia e Paraguai. Destaco, porém, a Bolívia que, a partir de 2010, deu passos mais firmes.

Com relação ao Brasil, a persistente evolução de seu índice a partir de 2010 refuta a hipocrisia e a campanha de pessimismo e do “quanto pior, melhor” da grande mídia brasileira e da oposição.

De maneira geral, todos os países mencionados, bolivarianos ou não, evoluíram de maneira bastante semelhante, com um ou outro percalço no caminho, mantendo ou alterando minimamente suas posições no ranking.

***
















IDH DO BRASIL VIRA O ÍNDICE DE HIPOCRISIA

Fernando Brito, via Tijolaço em 14/12/2015

O Índice de Desenvolvimento Humano, no Brasil, bem que poderia mudar para o nome aí de cima. Porque ele serve, nas mãos de nossa mídia, para mostrar a vergonha que somos como se ela fosse algo diferente da vergonha que foram e são os que fizeram, ao longo de sua história, o Brasil ser aquilo que, contra elas, tenta não ser.

Qual é o programa desta gente diante dos três componentes – educação, saúde e renda?

Comece-se pela educação. O que desejam para ela? Acabar com a vinculação constitucional de seus recursos, como sugeriu o vice-presidente Michel Temer, para adoçar a boca dos deputados? Extinguir o fundo do pré-sal, com o projeto de José Serra que abole o regime de partilha? Fechar escolas, como quer Geraldo Alckmin? Por fim às cotas, como rosnam, entre dentes, os adeptos da “meritocracia” em estado “puro”, vulgarmente conhecida por “lei da selva”?

E a saúde? Expulsar os médicos cubanos do Mais Médicos? Deixar que dela tomem conta os “planos” de saúde lucrativos e eficientes – desde que você tenha a modalidade platinumgoldensilver? Terminar de desumanizar a profissão médica, transformando-a quase me num mecanismo de “mercado” onde se cobra de acordo com uma subjetivíssima competência e de acordo com a capacidade de o paciente pagar? Ah, sim, para ela também vale a propostatemerária que agradou tanto, dizem os jornais, os senhores do golpismo?

Na renda, algum mistério? Seguir os conselhos de Armínio Fraga, que disse que “o salário mínimo subiu demais”? Sanear o “rombo da previdência” só pela via das despesas com benefícios? Ou ficar feliz com o aumento do desemprego, como sugeriu aquele infeliz “professor de neoliberalismo”?

No dia 13/12, mostrou-se aqui o que ocorreu com a renda dos mais pobres, neste país que “está um caos” e, há pouco mais de uma década, era o paraíso, com direito às crianças da seca comerem calango.

Senhores, menos, por favor, menos.

As lágrimas de crocodilo que choram por termos sido ultrapassados pelo Sri Lanka, poder-se-ia responder apenas com o nome daquele país, que conhecemos nas fábulas como Ceilão: República Democrática Socialista do Sri Lanka, aliás um país em pleno estado de agitação em razão de acusações de corrupção e lá em baixo nos índices de liberdade de imprensa.

Comparar o Brasil a um país onde a maior cidade, Colombo, é do tamanho da minha Niterói, francamente, é de fazer jus à inteligência estratégica primária de quem o faz.

Ainda assim, “apesar da crise”, o Brasil subiu, e não subiu mais porque passou a seguir a política econômica que nos receitam, onde se troca desenvolvimento por equilíbrio fiscal sem mexer no que, de fato, nos desequilibra: os juros que o “mercado” exige.

O Brasil é líder neste triste IDH, Índice de Hipocrisia. E ninguém disso pode duvidar.

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