impeachment



Impeachment da Dilma: o que de fato está em jogo?

por Francisco Luís, especial para o Viomundo

Para além do “fla-flu partidário” e dos jogos de poder, o que está em jogo efetivamente na abertura de impeachment da presidenta Dilma Rousseff?

É isso que nós temos de nos perguntar. Neste momento, mais do que belas palavras e discursos devemos ver as práticas dos atores políticos.

O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, é, de fato, a síntese de parte do parlamento brasileiro. Age acima de tudo e de todos para preservar seus esquemas de poder e interesses econômicos, no mínimo, suspeitos, e o Brasil que se dane.

A dita oposição se vale de tudo para rasgar a Constituição e tomar o poder por meio de um golpe, cassando o mandato da presidenta Dilma.  O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pretende ainda afastar  o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), por ele ter assinado decretos da chamada “pedalada fiscal”.

Estamos no terceiro turno da eleição de 2014,  quando o  ‘menino mimado” Aécio Neves perdeu e, desde então, não aceita a derrota.

Todos nós sabemos que boa parte da crise econômica se deve à crise política e à ação de uma oposição que quer o poder a qualquer custo, mesmo que esse custo esteja destruindo o Brasil.

Desse modo, ouso dizer que o grande responsável pela crise econômica é a própria oposição, que caminha para o quanto pior, melhor. Devemos lembrar que este mesmo time já havia feito ao desencadear a chamada “guerra de expectativas” para quebrar a economia brasileira, com o apoio entusiasmado de setores da mídia.

Dilma, ao fazer o “ajuste fiscal” e trair a sua base social, também contribuiu para este quadro.
Mas os erros de Dilma não podem ser usados para passar por cima da Constituição e destruir o Brasil. Temos lado. E sempre escreverei em defesa do Estado de Direito, ainda mais em tempos em que o fascismo se assanha para conquistar o poder.

Não deixa de ser sintomático que Cunha pediu o impedimento da presidenta no momento em que poderia ser preso e que o governo conseguiria refazer sua base política, diminuindo, assim, a crise política e, consequentemente, a crise econômica no ano que vem.

Cunha preparou uma série de ilegalidades para dar continuidade a esse processo, como uma votação totalmente ilegal e secreta, como reconhece o ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O vice-presidente  Michel Temer não deveria ter se exposto e participado desta trama golpista. A pior marca para um político é ser traidor.  Que outros políticos poderão confiar na palavra de um traidor?
Dito isso, vamos ao que interessa aos pobres e oprimidos, ou seja, o que seria um governo desses golpistas.
Primeiro, aprovação da terceirização total da mão de obra e a precarização máxima do trabalho.

Segundo, fim do sistema de partilha no petróleo e a perda de R$ 360 bilhões para a Educação e outro tanto para a  Saúde.

Terceiro, derrubar direitos duramente conquistados pelas minorias. Por exemplo,  o projeto que, na prática, retira o direito ao aborto legal para mulheres estupradas, condenando-as de um filho fruto da violência. Nesta área, a pauta conservadora seria aplicada com toda a força e ameaçaria vários avanços duramente conquistados.

Por isso, os que amam a democracia e não querem retrocesso só tem um caminho: a luta contra aqueles que não sabem perder uma eleição e desrespeitam diariamente a democracia.

O Estado de Direito é uma conquista que demorou mais de vinte anos para ser alcançada. Devemos defendê-lo contra pessoas que insistem em ganhar no grito e não no voto. Por isso, devemos espalhar pelas redes sociais a palavra de ordem:  “menos Cunha, mais direitos”.

Postar um comentário

Compartilhe

 
Top